#63 – Não sou mais o Pedro – Capítulo 2: Internação


Na continuação do episódio 62, contamos como, depois de ter parte da memória apagada devido a um tratamento por eletroconvulsoterapia, Pedro tentou se afastar do psiquiatra que havia indicado a prática.

A resposta, foi uma internação involuntária na ala psiquiátrica de um hospital público – o Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ).

Ali, Pedro recebeu um tratamento que lembra muito os tempos de manicômios e hospícios. E saiu do outro lado num estado mental pior do que o de quando tinha entrado.

A partir desse relato, o episódio fala sobre a reforma psiquiátrica, que desde o final da década de 1970 revolucionou a saúde mental, fechando hospícios, asilos e manicômios. Essa reforma psiquiátrica, que se desdobrou por algumas décadas, vem sofrendo fortes retrocessos nos anos recentes, em especial no governo de Jair Bolsonaro.

Episódios relacionados

62: Não sou mais  o Pedro – Capítulo 1: Eletroconvulsoterapia

59: Sonhos de zolpidem

49: Conspirações psicodélicas em busca de cérebros livres

37 – O sonho do Sidarta

Entrevistados do episódio

Paulo Amarante

Médico psiquiatra, doutor em Saúde Pública (Fiocruz) e Centro de Estudos e Pesquisa em Saúde Mental (Trieste/Itália). Mestre em Medicina Social (UERJ).  Pesquisador Sênior do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (LAPS/ENSP/Fiocruz). Presidente de Honra da Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME). Vice-Presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO).

Ana Paula Guljor

Médica psiquiatra,  mestre e doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz. Vice presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental e Coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Fiocruz.

 

Ficha técnica

Concepção, produção, roteiro, apresentação, sonorização e edição: Tomás Chiaverini

Trilha sonora tema: Paulo Gama

Mixagem: João Victor Coura

Design das capas: Cláudia Furnari

Trilha incidental: Blue Dots

 

Nota de resposta do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE)

Pela análise de seu podcast, dá pra sentir claramente conteúdos extremamente coesos e com narrativas humanizadas. Mas infelizmente, em grande parte da mídia, sabemos, isso não é uma realidade. Uma sensação de incompletude ainda paira no ar, com muitos abordando o tema [saúde mental] de uma forma rasa, reducente, e muitas das vezes descontextualizada, gerando compreensão inexata e confusão social. Embora volte a ressaltar: logicamente esse não é o caso de sua rede de abordagem e reflexões através do podcast.

Mas o hospital, infelizmente, já passou por situações dessa natureza; mesmo sendo, como você mesmo ressaltou em uma das conversas que tivemos, uma instituição de excelência na disseminação do conhecimento e na atuação e cuidados, sempre de uma forma humanizada, nas questões sobre o sofrimento psíquico.

Assim, se reserva de expor e levar a público casos de pacientes em discussões e/ou análises em mídias sociais. Pedimos desculpas, mas a professora Silvana, no momento, em consonância com essa diretriz da instituição, não poderá realizar a entrevista. Agradecemos a sua compreensão.


3 comentários em “#63 – Não sou mais o Pedro – Capítulo 2: Internação

  1. Nossa, esse episódio me tocou demais. Pedro, eu honestamente sinto muito por tudo que você passou. Terminei ouvindo completamente desolada e fico aqui me questionando como algo tão lamentável pode ter ocorrido. Acho que a grande resposta pra pergunta de como uma série de profissionais e sistemas podem vilipendiar a subjetividade de um ser humano reiteradamente é infelizmente a de que, pra começo de conversa, essa pessoa só é vista como um outro, um objeto, um desvio de norma que deve ser enclausurado, extirpado ou colocado pra debaixo do tapete do nosso tecido social.
    Estamos num grande buraco fundo dessa sociedade. Estamos profundamente doentes como um todo. Não acho que vamos melhorar enquanto não pudermos nos olhar e realmente reconhecer que tudo de ruim que já destruímos coletivamente.
    Tomás, parabéns pelo trabalho de fazer as perguntas certas pra contar todas essas histórias. Sigo inquieta por aqui.

  2. Pedro, o seu relato é avassalador. Tudo o que você passou, e passa, escancara o fato de seremos uma sociedade louca e incapaz de conexão e empatia.
    Sinto muito, e peço perdão em nome da humanidade, por todo esse sofrimento infligido a você e a tantos outros que passam por dificuldades semelhantes. Meu coração está totalmente partido, sinto a sua dor como a minha também.
    Sinta-se abraçado e acolhido. Torço que o pior já tenha passado e que daqui pra frente você comece a sair dessa sombra tão assustadora. Que sua vida e seu coração sejam inundados de luz daqui pra frente, com autonomia, com alegrias, bons amigos e boas memórias que possam se sobrepor a tudo o que você passou até aqui.

  3. Pedro, ouvi o podcast este final de semana.. me identifiquei muito com seu relato, mesmo pq também tenho depressão e luto todos os dias.
    Você pode (é um direito seu) pedir cópia de seu prontuário médico. O prontuário, onde devem ser anotadas todas as informações sobre o tratamento do paciente, é do paciente, não é do médico ou da instituição. Assim você pode ter maiores informações sobre o que foi feito e como foi feito..
    Fique bem.

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