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Em 1945, duas bombas atômicas sobre o Japão mataram centenas de milhares de pessoas e colocaram fim à Segunda Guerra Mundial. A milhares de quilômetros dali, no interior do Estado de São Paulo, começava outra guerra. Uma guerra secreta, de japoneses contra japoneses.
De um lado, estavam os imigrantes que aceitavam a realidade de que o Japão tinha perdido a guerra – os derrotistas, ou makegumi. De outro, estavam os vitoristas, ou kachigumi. Eles acreditavam numa teoria conspiratória, divulgada por meio de uma ampla rede de notícias falsas, que colocava o Japão com o vencedor da guerra.
No centro desse movimento, estava uma organização nacionalista chamada Shindo Renmei – Liga do Caminho dos Súditos, em japonês. Mas uma parte dessa organização foi muito além da propagação de fake news. Ela criou células terroristas que promoveram uma série de atentados a bomba e assassinatos de imigrantes que aceitavam a derrota do Japão. Entre os anos de 1946 e 1947, foram 23 mortos e cerca de 150 feridos.
Os atentados e assassinatos deram origem a um dos maiores processos judiciais da história do Brasil, com mais de 30 mil detidos. Apesar disso, nas décadas seguintes, pouco se falou sobre o assunto na colônia nipobrasileira, e a Shindo Renmei acabou esquecida. Até que um jornalista brasileiro resolveu fuçar os arquivos secretos do caso.
Mergulhe mais fundo
Corações Sujos (link para compra)
Entrevistados do episódio
Jornalista e escritor, autor de livros como Olga, Chatô, O Mago, Lula, entre outros.
Jornalista e escritor, autor do livro O Súdito.
Diego Avelino de Moraes Carvalho
Historiador, filósofo e psicanalista, autor da tese de doutorado O Martírio no Sol Poente.
Ficha técnica
Reportagem: Juliana Sayuri e Bruno Bartaquini.
Apoio de produção: Matheus Marcolino.
A mixagem de som: João Vitor Coura.
A trilha sonora tema: Paulo Gama.
O design das capas dos aplicativos e do site: Cláudia Furnari.
Direção, roteiro e edição: Tomás Chiaverini.
5 comentários em “#87 – A história secreta da Shindo Renmei (Parte 1: O livro do gaijin)”
Adorei o episodio de hoje! Fascinante e informativo e, como sempre, muito bem narrado.
Obrigado, Daniela!
Há algum link para acesso à tese de doutorado? Ela foi publicada em livro ou tem alguma expectativa nesse sentido?
Muito bom. Eu li o Corações Sujos e dos problemas que identifiquei foi uma certa mistificação dos japoneses, muito legal ouvir uma pesquisa expandida do assunto. Pequena observação de trivia: Harakiri é só a forma ocidental de nomear o Seppuku, escrito com os mesmos caracteres referindo o corte no abdome. Ficou comum tratar como duas coisas distintas, como um ritual “limpo” e outro “sujo”, mas se referem a mesma coisa, apenas com o erro de tradução, talvez fruto de uma consulta aos caracteres em um dicionário. Tem obras ocidentais bem velhas referindo a harakiri (peças de teatro, filmes), o que acaba consolidando o uso. O filme de Takashi Miike, refilmagem de outro de mesmo nome de 1962, foram ambos traduzidos por Harakiri porque o ritual ficou assim conhecido, mas o nome original é Seppuku, pois a problematização da “honra” simbolizada por esse ritual são o tema central da história: https://www.imdb.com/title/tt0056058/
Sobre Harakiri/Seppuku nesse vídeo esse japonês e praticante de kendô explica: https://www.youtube.com/watch?v=t6s7Hupnnvw